Senhor, eis aqui minha biografia, meu livro de vida...
É documentário, e confesso que e muito difícil escrever a vida como vós quereis...
É difícil, Senhor, escrevê-la quando não se é escritor, quando nunca se aprendeu tal ofício. Mas a vida não se aprende: Toda vida é um romance novo, único no gênero, sempre obra de primeira mão.
É difícil Senhor, não poder copiá-lo, pois vós não aceitais plágios...
É difícil Senhor, não poder corrigí-la...
Dela não podemos arrancar páginas mal escritas, ou apagar alguma coisa.
O que escrevi ficará sempre escrito.
O que eu posso é manifestar meu arrependimento, escrevendo páginas melhores...
É difícil, Senhor, seguir este rítmo da vida que me leva inexoravelmente adiante... Mas, obrigado, Senhor, por retratar-me das páginas passadas em cada nova página que escrevo...
É difícil, Senhor, ir virando as folhas, dia por dia, na angústia de não saber o dia da entrega do manuscrito...
Mas, não seria Senhor, mais angustioso ainda saber o dia e a hora?
É difícil Senhor, não sabermos quantas folhas em branco nos restam, para desenvolver satisfatoriamente o tema... Um dia qualquer vós me tomareis a caneta das mãos e escrevereis debaixo do meu último rabisco:
É difícil Senhor, não poder reclamar, então:
Ainda não terminei...
Porque há sinfonias inacabadas que são obras primas...
E há existências longínquas que nunca acertaram o tema...
Tive pena do tempo perdido...
Mas, Senhor, não tivestes minha vida, a cada instante em vossas mãos?
É documentário, e confesso que e muito difícil escrever a vida como vós quereis...
É difícil, Senhor, escrevê-la quando não se é escritor, quando nunca se aprendeu tal ofício. Mas a vida não se aprende: Toda vida é um romance novo, único no gênero, sempre obra de primeira mão.
É difícil Senhor, não poder copiá-lo, pois vós não aceitais plágios...
É difícil Senhor, não poder corrigí-la...
Dela não podemos arrancar páginas mal escritas, ou apagar alguma coisa.
O que escrevi ficará sempre escrito.
O que eu posso é manifestar meu arrependimento, escrevendo páginas melhores...
É difícil, Senhor, seguir este rítmo da vida que me leva inexoravelmente adiante... Mas, obrigado, Senhor, por retratar-me das páginas passadas em cada nova página que escrevo...
É difícil, Senhor, ir virando as folhas, dia por dia, na angústia de não saber o dia da entrega do manuscrito...
Mas, não seria Senhor, mais angustioso ainda saber o dia e a hora?
É difícil Senhor, não sabermos quantas folhas em branco nos restam, para desenvolver satisfatoriamente o tema... Um dia qualquer vós me tomareis a caneta das mãos e escrevereis debaixo do meu último rabisco:
...Fim...
É difícil Senhor, não poder reclamar, então:
Ainda não terminei...
Porque há sinfonias inacabadas que são obras primas...
E há existências longínquas que nunca acertaram o tema...
Tive pena do tempo perdido...
Mas, Senhor, não tivestes minha vida, a cada instante em vossas mãos?
Rabindranath Tagore
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